100 anos de excelência
No mês de fevereiro, a revista americana The New Yorker celebrou impressionantes 100 anos de existência. Ainda mais impressionante do que o número é a consistência que a publicação conseguiu manter ao longo de um século inteiro, tanto em design, como em excelência jornalística.
A revista New Yorker surgiu com a proposta de comentar a vida na cidade de Nova Iorque, e evoluiu para se tornar a melhor revista semanal do mundo sobre sociedade, cultura, comportamento, humor e política.
Já na sua primeira edição, que chegou às bancas no dia 21 de fevereiro de 1925, a capa ostentava o logotipo que se mantém vivo até hoje, com poucas alterações. Ele foi desenhado por Rea Irvin, desenhista e primeiro editor de arte da revista.
É dele também a icônica primeira capa da The New Yorker, fazendo nascer o mascote da revista, que continua sendo redesenhado todos os anos, em edições especiais.
O personagem ganhou o nome de Eustace Tilley, um dândi que observa uma borboleta com seu monóculo. Além da capa, o mascote também ganhou aparições nas páginas internas da revista, ilustrando algumas matérias.

Inclusive, como comemoração do aniversário de 100 anos, a revista trouxe de volta a capa original, além de algumas capas variantes, criada por artistas diferentes. O mais legal é que uma das cinco capas foi desenhada por uma ilustradora brasileira, a Camila Rosa.
De volta às origens da revista: para o logotipo, Irvin se inspirou em uma fonte de tipos de madeira que encontrou na folha de rosto do livro “Journeys to Baghdad”, de Charles Brooks.
Nesse breve specimen já está basicamente todo o DNA que a New Yorker carrega até hoje: as finalizações pontudas; a brincadeira com proporções (“A” e “W” largos, “R” e “K” estreitos; as ligaduras criativas e, de modo geral, a elegância inimitável).
Esse alfabeto foi por muito tempo desenhado à mão nas páginas da revista antes de ser transformado em uma fonte própria.
Em 1889, a tipografia foi digitalizada e batizada de Irvin Display. Desde então, ela já passou por diversos ajustes e novas versões. No ano de 2013, a House Industries foi chamada para criar alguns tamanhos ópticos para a Irvin, que incluía uma versão de texto (mesmo mantendo apenas letras maiúsculas), uma versão de títulos e ajustes na Display, que ficou ainda mais delicada e especializada em usos para tamanhos grandes.
O importante mesmo é que nenhum dos ajustes ameaça o aspecto inconfundível dessa fonte. Ela é a New Yorker. A tipografia e a revista não podem viver separadamente. Qualquer pessoa que conheça essa marca consegue, para o resto da vida, bater o olho na Irvin Display e saber que se trata da The New Yorker. Isso é o que podemos chamar de um legado tipográfico secular.
Mais sobre o assunto
Nesse vídeo, Francoise Mouly, editora de arte da New Yorker há 32 anos, mostra a história do mascote e bastidores das edições comemorativas de 100 anos.
A Camila Rosa contou aqui como foi fazer uma das capas de aniversário da revista.
Detalhes tipográficos do redesign da revista em 2013, relatado em vídeo pelo diretor criativo Wyatt Mitchell.
O mês de fevereiro no Entrelinha
Ok, nós admitimos que nosso mês não foi tão especial quanto o da New Yorker, mas ainda assim foi bastante marcante. Publicamos quatro histórias no mês, e caso você tenha perdido alguma, agora é a hora de se atualizar!
Mais designers, menos clientes
No início do mês, nos inspiramos em uma das nossa designers favoritas, a Jessica Hische, para fazer um clamor por mais projetos auto iniciados por designers.
Design se aprende no cinema
Se você já acompanha o Entrelinha há um tempo, sabe que gostamos de partir de filmes para falar sobre design e tipografia. Em fevereiro, essa vocação chegou ao seu ápice, já que comentamos sobre o único filme que os designers precisam assistir na vida (mentira, não é bem assim, mas talvez essa chamada faça você ler o texto!)
Conhecimento tipográfico para dar e vender
Designer que sabe o nome das fontes que vê na rua automaticamente ganha pontos de conhecimento diante dos amigos. Ou gera preocupação também, mas vamos esquecer essa possibilidade. Sabendo ou não sabendo os nomes das fontes, registramos aqui o mapa da mina para você nunca mais confundir algumas das fontes mais usadas no mundo.
Tipografia é transpiração
Finalizando o mês, a Plau e Entrelinha concretizaram uma collab de conteúdo com o Clube do Livro do Design, uma das editoras mais relevantes do cenário de design brasileiro no momento.
No texto, o
dissecou o trabalho gráfico e tipográfico de Corita Kent, freira norte-americana que produziu centenas de serigrafias de cair o queixo. Além do trabalho incrível, a Corita ainda nos deixou suas lições ricas sobre processo criativo. Sua ideia principal? Confiar menos na inspiração e mais no trabalho diário.Nos conte aqui qual sua história favorita de fevereiro ou sugira temas e formatos para explorarmos em seguida!
Incrível a história dessa revista. Infelizmente nunca pude ler uma edição de cabo a rabo. Artigo muito bom. Eu assinava a Sport Illustrated que não tem o mesmo charme mas também é muito tradicional dos EUA.
Inconfundível! Demais essa história.